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SP e MG serão maiores perdedores na guerra comercial iniciada por Trump

Fonte: Jamil Chade, Colunista do UOL

4/14/20253 min read

A guerra comercial entre China e EUA causará prejuízos de mais de US$ 4,9 bilhões para a produção brasileira e perdas para as exportações, principalmente no setor industrial. Os estados mais afetados no país serão São Paulo e Minas Gerais, enquanto as regiões produtoras de soja estarão entre as principais beneficiárias.

Os dados estão sendo publicados nesta segunda-feira por um grupo de economistas da Universidade Federal de Minas Gerais e que, ao longo dos anos, tem produzido análises de comércio exterior para algumas das principais instituições de exportação do país.

O trabalho foi liderado por Edson Paulo Domingues, João Pedro Revoredo Pereira da Costa e Aline Souza Magalhães, pesquisadores do Nemea-Cedeplar-UFMG. Para realizar o cálculo, os economias consideraram:

Elevação das tarifas dos EUA das importações da China para 145% e de 10% para os demais países

Elevação para 25% da tarifa de importações de automóveis e aço nos EUA, de qualquer país

Elevação de tarifas da China das importações dos EUA para 125%

No geral, o impacto para o PIB brasileiro é mínimo, com uma alta de 0,01%, ou US$ 182 bilhões. Com o impacto positivo na soja, diante das barreiras chinesas aos produtos americanos, as estimativas apontam ganhamos para estados do Centro-Oeste e no Rio Grande do Sul.

Mas os estados do Sudeste teriam as maiores perdas, dado o efeito na produção industrial e entrada de importações. "Em São Paulo o impacto corresponderia a uma perda de cerca de R$ 4 bilhões, e em Minas Gerais de R$ 1,16 bilhão", diz o texto.

No setor agrícola, a produção teria ganhos de US$ 5,5 bilhões, mas perdas de US$ 8,8 bilhões na indústria e US$ 1,6 bilhão em serviços. O resultado seria uma perda de US$ 4,9 bilhões.

Os cálculos feitos sobre a exportação também mostram uma disparidade entre os setores. Na agricultura, a alta prevista é de US$ 6,6 bilhões, mas com uma queda de US$ 6,4 bilhões na indústria e uma contração de US$ 2,2 bilhões em serviços. O resultado seria o acúmulo de perdas de quase US$ 2 bilhões.

Em termos setoriais, a soja seria a grande beneficiária, com uma projeção de aumento de exportações em em 28%, contra uma alta de 18% de produção. Outro destaque positivo poderia ser no setor de vestuário, com aumento de 8%.

Segundo eles, "embora ocorram ganhos de exportações na agropecuária, outros setores sofreriam perdas significativas". "O setor industrial seria o mais afetado, demonstrando um impacto adverso considerável na economia brasileira", alertaram.

"O incremento de importações seria um fenômeno mais generalizado, em produtos agrícolas e industriais, pois as medidas de tarifas afetariam de forma relevante os preços internacionais", apontam.

A projeção destaca para perdas substanciais em setores como metais ferrosos (-13,4% em exportação), equipamento de transporte (-12%), além de contrações em produtos químicos, petróleo e produtos farmacêuticos.

Mesmo no setor agrícola, nem todos ganhariam. Um impacto negativo seria registrado ainda para a pesca, carne bovina, legumes, frutas, nozes e laticínios.

Impacto global

De acordo com o levantamento, "a modificação das tarifas de importação teria impactos relevantes mundialmente". "Com base no cenário de simulação apresentado anteriormente, encontra-se que o impacto global da guerra tarifária representaria uma queda de -0,25% no PIB global, equivalente a uma perda de US$ 205 bilhões.

Além da perda de atividade, o comércio mundial também seria prejudicado, reduzido em -2,38%, equivalente a perdas na ordem de US$ 500 bilhões.

O estudo revela que, nos EUA, o PIB sofreria uma redução de -0,7%. Por outro lado, a China enfrentaria uma diminuição -0,6% no seu PIB, demonstrando o efeito adverso das tarifas sobre sua economia.

Foto: Trump e Xi na reunião do G20 em Osaka, no Japão, em 2019 / Reprodução / Reuters